sábado, 17 de agosto de 2013

10ª ROMARIA ECOLÓGICA ALMA DO BOM SUCESSO REÚNE MAIS DE 2 MIL DEVOTOS EM ASSIS BRASIL

Por J.Diaz
Fotos Juan Diaz

De acordo com o Decreto Municipal nº 160 de 27 de fevereiro de 2007, o dia 15 de agosto é feriado no município de Assis Brasil, data dedicada a santa Raimunda do Bom Sucesso. Esta data, que além de ser comemorada pelos munícipes Assisbrasilienses e de outros municípios acrianos, está agendada também, no imaginário religioso dos povos das fronteiras especialmente dos peruanos do departamento de Madre de Dios assim como de Cusco, a capital arqueológica da América do Sul.

No último dia 15 de agosto, a pequena Praça de Assis Brasil amanheceu totalmente ocupada por centenas de romeiros devotos da Santa Raimunda de Bom Sucesso, que a partir das 05 horas da manhã portando velas, flores e oferendas diversas abordavam os veículos, para se deslocarem até a colocação Cumaru do Seu Tota, distante a 32 km da cidade. Daqui, do Cumaru, os Romeiros continuam a pé como forma de penitência oferecida para a Santa Seringueira, através de uma estrada de seringa, trilha semelhante àquela que Raimunda costumava percorrer, seja ajudando o marido no corte ou colheita do látex da Hevea brasiliensis ou indo a socorrer como parteira, as suas amigas dos seringais.

Durante a caminhada, conduzida pelos organizadores religiosos da Romaria, os devotos de diversas idades e nacionalidades, com a mais pura fé cristã, ecoavam através da floresta suas orações e cânticos religiosos, até chegarem após uma hora de duro caminhar, ao Santuário da Santa Raimunda ou “Alma do Bom Sucesso” como sempre foi conhecida pelos seringueiros do vale do Alto Acre. Aqui, os Romeiros são recepcionados por uma placa com os dizeres SANTUARIO DA SANTA ALMA DO BOM SUCESSO, com a tradução correspondente em espanhol, para os hermanos é claro, do Peru, que representam aproximadamente 80% dos devotos presentes no Santuário. Uma solene missa foi celebrada no local pelo Padre José Valdecir, Padre Chagas, o Diácono Lindomar e a irmã Maristela, onde após a Liturgia da Palavra, muitos devotos participaram da Comunhão Sagrada na Liturgia Eucarística. 

O cheiro das velas acendidas que envolvem todo o ambiente do santuário, assim como o aroma natural das muitas flores portadas pelos devotos, faz com que nos sintamos em um lugar religiosamente diferente do nosso cotidiano comum. Logo, ao observar os devotos de joelho perante a sepultura ou a imagem de sua Santa, uns com velas acesas na mão, outros com flores, cartas de pedidos e ou agradecimentos de graças, ex-votos pelos milagres recebidos; ou aqueles com seu olhar místico que reflete a mais pura fé do mais íntimo de seu ser: Logo passamos a compreender do porque um santuário religioso é realmente sagrado.

Foi assim a 10ª Romaria da Santa Raimunda. Tivemos no município de Assis Brasil a presença de mais de 2 mil peregrinos que acudiram movidos pela fé na alma de uma ¨simples mulher com o simples nome de Raimunda” como bem frisou a irmã Maristela, conversando comigo no retorno do Santuário para Assis Brasil. É verdade, uma “simples mulher”, mas não porque era apenas seringueira ou apenas mais uma Raimunda como tantas outras Raimundas ou Marias brasileiras, mas porque, esta Raimunda, abrigava em sua alma a simplicidade da maioria dos seringueiros: O amor ao próximo sempre com humildade e com o “cuidado” que os mais simples e necessitados merecem.

A Santa Raimunda, que ainda não é Santa, mas que para nossos seringueiros, Ela é sim, uma Santa, sempre soube “tocar” no coração de cada homem humilde da floresta, suprindo suas necessidades tão sofridas. Hoje, a fé de nossos seringueiros esta se expandindo além das fronteiras, e a “Santa Raimunda” esta “tocando” sim, com sua humildade de seringueira no coração de milhares de almas também humildes, que precisam de carinho, de atenção, de “cuidado”.

Este “cuidado” é o que esta faltando que nossas autoridades tenham para com as centenas de milhares de desprotegidos deste imenso Brasil e de muitos países do nosso planeta. Temos que saber “tocar” com toda nossa sensibilidade nas chagas purulentas da pobreza presente em nossas sociedades complexas e desacreditadas, para que elas, nossas classes de extrema pobreza e sem fé, se sintam reestabelecidas e curadas, com sua fé devolvida.






                                                            

Marilene do Nascimento cortando cabelo do filho Darlan que sofreu de desmaios desde os 3 meses de nascido. Ficou bom após sua mae fazer a promessa de cortar o cabelo perante a Santa. Mora no seringal Apuí-Brasiléia.                                         

















































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